Quais os efeitos nas crianças diante da exposição precoce à vídeos pornográficos?

Quero trazer aqui um tema atual e importante sobre crianças e adolescentes. Algo pouco falado, mas que há algum tempo já é conhecido por pediatras, hebiatras, psicólogos, psiquiatras e sexólogos. Precisamos falar sobre o impacto dos vídeos pornográficos na vida das crianças e adolescentes. Crianças estão sendo expostas a esses conteúdos cada vez mais cedo e acarreta várias consequências, tanto na vida das crianças quanto nas fases seguintes da vida.

Definição de pornografia é aquele conteúdo criado para excitar quem olha. A partir de 2007 os vídeos pornográficos expandiram o alcance através do smartphone. Mesmo quem não procura irá ver em redes sociais, WhatsApp, propaganda na internet... da mesma forma acontece com as crianças/adolescentes.

Mas a diferença na vida das crianças e os adolescentes é que eles estão com o sistema cerebral em desenvolvimento, são considerados um cérebro imaturo e os estímulos que recebem nesse período irão favorecer ou alterar áreas do cérebro. Quando a pornografia entra nessa fase trará repercussão na vida como um todo. Além disso, há imagens perturbadoras que são impossíveis de esquecer.

O contato precoce com a pornografia compromete o desenvolvimento de uma constituição sexual saudável, tanto devido aos estímulos no cérebro quanto por meio da aprendizagem de uma cultura de violência, onde não existe respeito, consentimento, afeto, empatia e aumenta o risco de dependência de pornografia na adolescência.

Idade que as crianças tem acesso aos vídeos pornográficos?

9 anos é a idade média.

90% das crianças até 11 anos já viram.

40 a 70% ocorre de maneira involuntária.

O choque, o nojo, a curiosidade frente essas imagens fazem que a criança retorne olhar na tentativa de compreender essas cenas. A criança entra em conflito interno, pois sua estrutura psíquica não está preparada para lidar com essas imagens.

Quais são as consequências para a criança ao ver vídeos pornográficos?

O cérebro está em desenvolvimento neuronal, portanto a criança é incapaz de analisar essas imagens que são entendidas como traumáticas. O cérebro aprende que o ato é violento, sem consentimento, sem conexão, sem intimidade, sem afetividade, sem respeito ou cuidado consigo e com o outro, onde a mulher é tomada e descartada.

É uma violência psíquica, pois essas imagens invadem o pensamento, a imaginação da criança e podem gerar a dependência de pornografia, a partir da adolescência, e, interferir no desenvolvimento de uma vida sexual saudável.

Quanto a dependência de pornografia, ela atinge o córtex pré-frontal e altera a capacidade de empatia, de responsabilidade, de tomar decisões, de manter a concentração. A cada vídeo o cérebro libera dopamina, consequentemente precisará cada vez mais de imagens mais chocantes, violentas para se satisfazer.

Fonte: As escritas são inspiradas na fala da psicóloga Maria Hernadez-Mora na mesa redonda sobre a representação das mulheres e sexualidades vinculadas à pornografia no senado francês – Delegação direito das mulheres.